terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gestão - Decisões e pouca vergonha

Neste capitalismo maravilhoso em que vivemos, que o belo e formoso mercado funciona placidamente, dando igualdade de oportunidades a todos para termos sucesso, todos somos iguais, mas uns são mais iguais que os outros.
A fronteira entre o roubo do erário público e a adopção de modelos de gestão com pacotes de incentivos aos mais altos cargos, de forma a fixar os melhores nas maiores empresas, é uma linha muito ténue, por isso temos que marcar uma fronteira bem definida e devidamente fundamentada.
A criação da complexidade jurídica das empresas públicas com autonomia financeira cria espaços em branco que dá azo a essa linha de fronteira. Ao mesmo nível estão as entidade reguladoras como a ANACOM. Não pretendo com este texto fazer um ataque à ANACOM, tem de certeza um papel meritório e relevante na sociedade Portuguesa. Serve-me apenas de exemplo de muitas ANACOM's que pululam no país, enredadas em teias jurídicas de empresas públicas, autónomas, que se permitem ter Conselhos de Administração com salários superiores a 2 vezes e tal o salário do Presidente da República, ou 3 vezes mais que o próprio Ministro que tutela o organismo.
Mas o mais curioso, é que os luxuosos salários das ANACOM's Portuguesas são decididos por despacho pelos próprios ministros, abrindo assim a caixa de pandora dos "jobs for the boys".
Assim, a tal linha ténue desfaz-se. Sei que é fácil criticar o salário do presidente do concelho de administração da ANACOM, 16.704,10 € mês, e dos restantes mosqueteiros da gruta de Ali Bába, 14.198,49 €. (Relatório e Contas da ANACOM 2009), cujo total ascende 1.051.940,00 €. Apenas 5 pessoas, sublinhe-se.
No entanto, esse mesmo facilitísmo da crítica não me inibe de questionar a razão de tão chorudos rendimentos, seja qual for o nível de responsabilidade, que certamente não é, maior que o ministro que tutela. (mesmo sendo um mau ministro, como habitualmente são).
Esse mesmo caminho é a face da mesma moeda que tem do seu lado oposto a POUCA VERGONHA, de auferir um salário desta magnitude. Que contributo tão excelso fazem estes iluminados da modernidade para poderem pacturar com tal roubo, pois não tenho dúvidas de que é isso que se trata.
Os meus parcos conhecimentos em gestão permitem-me pensar que o equílibrio, a razoabilidade, e o respeito da hierarquia e responsabilidade devem contruibuir para a formação do salário de um trabalhador, em paralelo com a sua produtividade, formação, criatividade etc etc.
Partindo deste princípio, e porque aqui relevo em particular o princípio da razoabilidade, do equilibrio e hierarquia, se o problema for o estatuto público destes gestores de luxo, equipará-los ao vencimento de um deputado (cerca de 3.708,00 €) e os restantes membros cerca de 3.200,00 €, seria mais que suficiente para uma vida digna, resguardando-se o princípio do equilibrio, da razoabilidade e da hierarquia.
Como tal, desde já como cidadão Português de pleno direito candidato-me ao lugar de Presidente do Concelho de Administração da ANACOM, tendo como primeira medida reduzir o Concelho de Administração de 5 para 3 pessoas. A poupança efectiva e real, neste tempo de crise, seria de 1.051.940,00 € actualmente, para 141.512 € em salários da administração, para 2011 gerando uma poupança de 910.428,00 €, perto de 1.000.000,00 €.
Será justo? Será Razoável? Será Equilibrado? Será Merecedor? Eu tenho a certeza que sim, e que tal aplicar esta medida a todas as outras empresas.
E a procissão ainda vai no adro.

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