sábado, 11 de janeiro de 2014

A letra "F"

Com morte de Eusébio morre o último "f" de Portugal. Com morte da freira Lúcia, desapareceu o "f" de Fátima. Com a morte de Amália, desaparece o "f" de Fado. Agora desaparece o "f" de Futebol. Os protagonistas que alimentaram um certo Portugal desapareceram de vez. Aquele Portugal da penitência e castidade, da subserviência e obediência cega, da flagelação do corpo em troca de uma promessa de paraíso, à custa de uma igreja antes e agora intrusiva, castradora e vil, da liberdade de pensamento. Daquele fado tenebroso, qual destino fatal que nos inibia a alma e o desejo. Fado de fatalidade, da saudade e tristeza eterna. E de repente... O futebol, qual ópio do povo que soçobrava das cinzas da religião, qual religião inata que nos tolhia a liberdade. Eis que um grande jogador, que de facto foi Eusébio, rende-se as leis da vida e da morte. Emocionou multidões. Cravejou na alma dos portugueses uma certa áurea perdida. No entanto, Portugal precisa muito mais que craques da bola ocasionais. Precisa de honestidade, responsabilidade, conhecimento, igualdade e justiça. Aquele que conseguir isso para Portugal, certamente que terá um lugar no meu panteão.

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