domingo, 23 de dezembro de 2012
A Grande Mentira, ou Manifesto Anti-Plutocrata.
Este é o último texto que publico em 2012.
Decidi intitulá-lo A Grande Mentira, na senda do grande Polyani "A Grande Transformação", ou "A Teoria Geral" do grande e inesquecível John Maynard Keynes,... transformada na Teoria Geral da Mentira. Poderia discorrer sobre o Caminho para a Servidão de Hayek, mas numa perspectiva de esquerda, bastava para isso mudar algumas ideias do referido texto.
A Grande Mentira não é mais que a vivência que temos seguido há vários anos, mas em particular nos últimos dois.
O modelo económico, social e político baseia-se numa mentira, mentira essa, que nos hipnotiza e restringe a nossa força de lutar (é bem claro na última campanha eleitoral protagonizada pelo primeiro ministro eleito). São proferidas frases até à exaustão, pelas elites governantes, palavras chave que se tornam numa espécie de dogma conceptual a ser seguido pelos imensos rebanhos europeus. Frases tipo, "não há alternativa"..."Excessivo endividamento"..." o caminho é a austeridade" pululam dentro dos nossos ouvidos, como mitos urbanos, reforçando as grilhetas de uma ditadura plutocrática que se vai instalando na Europa e no resto do mundo.
Uma mentira económica baseada num grande erro conceptual oferecido pela Ciência Económica do século XIX, e desenvolvida por economistas na primeira metade do século XX, e da fase final desse mesmo século, dando seguimento ainda com mais profundidade no século XXI. Essa mentira económica baseia-se na defesa intransigente dos mercados livres, da concorrência perfeita e na racionalidade dos agentes económicos. São estes postulados que levam à liberdade de circulação de capitais, independência dos bancos centrais do sistema político, e como tal, do escrutínio público. São estas ideias líricas e inconsequentes que nos levam às privatizações, concessões, e compadrios do sector público com o sector privado. Bens naturalmente públicos como saúde, educação, água, entre outros, são privatizados, criando rendas perpétuas aos plutocratas, agravando as desigualdades, exaurindo a classe média, votando para a miséria eterna, os já miseráveis, enriquecendo de uma forma odiosa e ilegal os ricos, banqueteando-se em famosos paraísos fiscais.
Este sistema apenas sustentado por gráficos e equações devidamente alinhadas na teoria, sofre logo à partida de uma ruptura conceptual quando atirada aos leões da realidade da vivência humana. As relações de poder e interesse, de conhecimento, as condições à partida, os gostos e modas, a corrupção, o compadrio e o clientelismo, os próprios limites das estruturas sociais e empresariais, sejam elas legais ou ilegais, deturpam, iludem e impedem a existência de qualquer conceito de concorrência perfeita, sem que a intervenção estatal, através de regulamentos, reguladores em determinados casos, inibem a existência de super estruturas, que de outro modo agravariam as desigualdades no campo empresarial, e consequentemente uma perda brutal para os consumidores.
Livres mercados e concorrência perfeita com consumidores e produtores eternamente felizes é algo que não existe sem a intervenção governamental.
Muito menos, agentes racionais, operando no mercado, como super homens, possuidores de toda a informação relevante que lhe permitiria tomar as decisões mais eficientes, dada as restrições existentes. A informação e o conhecimento é limitado a cada um. Ninguém, nem nenhuma empresa tem toda a informação, presente e muito menos futura, ou seja, essa treta de mercados eficientes é algo que não existe. Essas teorias levianas levaram a uma crise de endividamento de Portugal, quais parasitas, acobertando-se junto da dívida pública portuguesa parasitando-a até a exaustão.
A crise não é de deficits, de endividamento per si, a crise é a crise das ideologias, do papel do estado na sociedade, no contrato social, aí reside a crise. Tudo o resto é mitigado pela grande mentira gritada até aos sete ventos pelos paladinos, porta vozes dos plutocratas reinantes.
Despeço-me de 2012, com os votos a todos de um 2013, Melhor e que se impulsione o debate sobre o Contrato Social. Daquilo que as populações querem, anseiam e podem... por aquilo que os plutocratas querem impingir...e têm podido. Até quando....????
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