terça-feira, 1 de novembro de 2011

E a Procura Álvaro ??? A Economia pelo lado da Procura

Mais uma vez os executores de políticas neo-liberais consubstanciada no pensamento neoclássico e monetarista querem atirar areia para os olhos dos portugueses.
Tem-se dado algum ênfase à questão da meia hora suplementar diária sem a respectiva retribuição, bem como, a contínua precarização das relações laborais com a diminuição de indemnizações por despedimento, contando a partir de hoje (1 de Novembro de 2011) apenas 20 dias por ano para efeitos de indemnização, com um tecto de 12 meses, entre outra legislação. Por isso, hoje é um dia triste para os trabalhadores, para os trabalhadores dedicados, assíduos, que lutam diariamente pelo seu posto de trabalho e pela empresa onde deixam várias horas diárias do seu tempo. Para aqueles trabalhadores que vêem na formação contínua, não uma obrigação, mas uma forma de melhorar a produtividade, e progredir na carreira, almejando uma remuneração melhor.
Mas para este governo, aliás para esta europa, importa é atacar o salário, direitos que nos sinalizam que não somos máquinas, mas somos homens e mulheres com família, amigos, com anseios, desejos...em suma vidas....
O que nos traz este capitalismo terrorista (tenho mais receio dos mercados financeiros e dos seus protagonistas do que os Bin Laden's que andam por aí), é o ataque constante e permanente das bases sociais que fomos construindo desde o pós guerra, e Portugal, após o 25 de Abril.
A sociedade que está sendo criada agora, é uma sociedade que se irá caracterizar pela inveja, o vale tudo, a ganância, a supremacia já patente do capital, sobre o trabalho, menos cuidados de saúde, menos educação pública, uma erosão demográfica, que não haverá memória, com consequências intergeracionais trágicas.
Mas estes senhores do governo acham que aumentar meia hora por dia nas empresas é uma lufada de ar fresco na competitividade das empresas (ministro Álvaro dixit). Mas qual competitividade,  quem haverá para comprar os produtos a mais produzidos por essa meia hora adicional, se não há salários.
Com 13% de desempregados é completamente irrelevante esse aumento de meia hora, simplesmente não há procura para isso, e apenas permitirá aumentar o desemprego.
Internacionalmente, o impacto nos bens transacionáveis é igualmente irrelevante. Com queremos competir ? Com os Chineses ? Então haja coragem e reduzam os nossos salários para 50 euros mês. Acabe-se com a segurança social, o sistema nacional de saúde e a escola pública. Assim seremos competitivos.
Esta crise é uma crise de confiança gerada pelo capital especulativo mundial que está a dar cabo da economia.
Apenas restaurando a confiança nos Estados, e não nos mercados é que podemos desconstruir este ciclo vicioso.
Apenas com políticas activas do lado procura, restituindo capacidade creditícia responsável, parando a erosão salarial, domesticando os mercados financeiros, taxando convenientemente o capital, acabando com a indepêndencia do BCE e alterando os seus estatutos, investimento público sectorial, e dedicado, apoio à inovação investigação e desenvolvimento, maior integração das universidades e melhor financiamento, é que podemos atacar verdadeiramente os verdadeiros cancros da sociedade, os milhares e milhares de desempregados, precários e a malfadada erosão salarial, senão continuaremos a adicionar austeridade em cima de austeridade, para gaúdio do capital financeiro.
Portugal vai assim alegremente empobrecendo, paliativo aqui, paliativo ali.
Mas este capitalismo, como já profetizara Marx, encerra em si mesmo a semente da sua própria destruição, mas a que preço ???

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