Na proximidade do verão de 2009 assisti a um seminário organizado pelo Bloco de Esquerda no Hotel Turismo em Braga. O tema era sobre o mundo rural, e as suas interacções com o mundo actual.
Para o efeito, a entidade organizadora convidou proeminentes especialistas da área em questão.
O ponto essencial que me chamou mais atenção teve a ver com a agricultura de proximidade, e lembrei-me agora deste assunto, quando vejo alguns políticos, responsáveis até pelo desmantelamento das nossas estruturas agrícolas e piscatórias, à 15 / 20 atrás, apelam hoje ao retorno à terra, aos jovens etc etc etc.
Levamos demasiado à letra que os países mais evoluídos e criadores de riqueza, seriam países com um peso mínimo do sector primário, e um peso máximo do sector terciário (vulgo serviços). Nada mais errado. O que importa são os níveis de produtividade e competitividade de cada sector. No caso do sector primário, sem dúvida que a aposta na modernização, da fixação de pessoas, remunerando-as justamente, activando meios de escoamento de produtos, desenvolvendo um mix de investimento público e privado no sector, resultaria sem dúvida numa menor dependência de Portugal a nível alimentar, sabendo que o nosso déficit alimentar ronda em 2010 os 3 mil milhões de euros (ver: http://www.anilact.pt/component/content/article/3656-contrariar-dependia-externa-e-apoiar-agricultores) importando 75% daquilo que consome em alimentos, com todos os efeitos negativos que esta exposição tem para Portugal, na dívida externa, na depêndencia de um bem essencial à vida humana, na sujeição à variação de preços internacionais, muitas vezes levada a cabo por meros especuladores.
A agricultura de proximidade, com negócios locais e exportações para países vizinhos próximos, permite vantagens óbvias para os produtores e para os consumidores.
A preservação da qualidade de diversos produtos facilmente perecíveis, à custa de prejuízos ambientais, longas viagens para transportar produtos agrícolas, criam um colete de forças no sector e acima de tudo um alerta que a globalização tem limites, nem que sejam impostos pela própria natureza.
O Banco de Terras Público proposto na anterior legislatura pelo Bloco de Esquerda, é inegavelmente um avanço positivo no contexto actual da agricultura Portuguesa.
Esta proposta, de uma forma simplificada permite aos agricultores trabalharem as terras agrícolas abandonadas, sem que os respectivos donos percam a sua propriedade, sabendo que existe um abandono crescente de terrenos aráveis, com as respectivas consequências maléficas para o país. (Ver: http://economia.publico.pt/Noticia/comissao-parlamentar-aprova-proposta-de-banco-de-terras-do-be_1463350)
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