domingo, 28 de abril de 2013

A pocket full of blood money

A queda do edifício têxtil no Bangladesh é apenas o espelho natural e sangrento da globalização em paralelo com este capitalismo devoluto e vazio. Natural, porque define o alheamento dos políticos sobre os limites dessa mesma globalização. Portugal é um país que tem sofrido uma ruptura estrutural forte, com encerramento de fábricas, muitas vezes derivado dessa mesma globalização pejada de marcas ávidas sempre pelo mais barato, na ânsia de lucros e mais lucros a qualquer preço. Aliás aqui a palavra "a qualquer preço" assenta ironicamente e infelizmente, como uma luva. Nem que esse preço seja a MORTE, quão sanguinária se torna a economia. Não faz mal, as Zara's, Benetton's e outras, já têm alternativas de produção, o fluxo produtivo não pode parar. Hipocritamente, as marcas que se começam a reconhecer nos escombros, irão dizer que nada sabiam, e que estas não são as condições de trabalho que recomendam, que exigem no seu profícuo alarve de valores. Da alcova mercantil, do equilíbrio permanente, ditada pelo "Laissez Faire", surge o limite trágico da mão invisível. Este é o legado dos clássicos, continuado e aprimorado pelos neo clássicos, pelos monetaristas de Chicago, pelos teóricos da escolha pública, pelos escolásticos da escola austríaca, pelos expectantes racionais, etc etc etc. Mas isto é apenas um exemplo, em todo o lado a mão invisível e aparentemente invencível, espalha o seu terror às classes trabalhadoras, aos mais desfavorecidos, às classes médias . Quanto mais mão invisível, mais invencível, mais fábricas cairão, mais trabalhadores morrerão... pois, no fim, o último valor que resta e que interessa é o lucro, e sempre o lucro. Pela verdadeira Social Democracia do início do sec. XX, por Bernstein, Jaurès e muitos outros, escrevo este texto. Vivemos pejados de uma sociedade de políticos hipócritas, subservientes do poder financeiro, calculistas, preocupados em agradar aos seus mestres, em ter um bom futuro, depois da política.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Queimar dinheiro na praça pública

Não pude perder a oportunidade de "ROUBAR" este excelente texto escrito por João Pinto e Castro e retransmiti-lo no meu blogue. Agora é só dar asas à nossa imaginação e pensar o que fazer com 12,2 mil milhões de euros. Queimar dinheiro na praça pública 16 Abril 2013, 00:01 por João Pinto e Castro A obra de Gaspar consiste apenas e só em queimar dinheiro numa pira funerária, provocando directa e activamente a degradação das condições de vida de milhões de pessoas. Destruição a troco de nada, portanto. A dupla de artistas britânicos Bill Drummond e Jimmy Cauty concebeu em tempos um projecto verdadeiramente original: queimar na praça pública 1 milhão de libras, correspondentes à totalidade dos recursos acumulados pela K Foundation por eles criada para financiar as suas actividades. A operação, que durou 67 minutos, foi efectivamente concretizada na ilha de Jura, dadas as dificuldades práticas de levá-la a cabo num local muito frequentado. Esteve presente um jornalista que relatou o evento numa peça publicada pelo "The Observer". A queima foi registada num filme, depois exibido publicamente em várias ocasiões e ao longo de uma década em sessões seguidas de debate (nem sempre pacífico) orientado por questões como: "Is it rock n’ roll?" ou "Is it a crime against humanity?" Outras questões propostas pela dupla: "Is it madness?"; "Is it a political statement?"; "Is it an investment?"; "Is it inverted capitalism?"; "Is it bullshit?" Tanto o significado como a validade do acto criativo foram discutidos durante anos pelos críticos de arte. Quanto aos autores, defenderam-no até muito recentemente como um estímulo a uma meditação aprofundada sobre o valor e o poder do dinheiro na sociedade contemporânea. Até que um dia, amargurado, Bill Drummond acabou por confessar: "É-me cada vez mais difícil justificar perante os meus filhos o que fiz". Apreciou esta estória? Então vai adorar aquela que de seguida lhe vou contar. Em 2011 e 2012, o governo português programou retirar da economia, sob a forma de aumentos de impostos ou cortes da despesa, 18 mil milhões de euros; todavia, a redução efectiva do défice ficou abaixo de 5,8 mil milhões. Pelo caminho, desapareceram 12,2 mil milhões. Tenho, por conseguinte, o orgulho de poder anunciar-vos que o nosso pequeno, mas engenhoso país ultrapassou estratosfericamente a façanha dos dois ingleses, queimando nos dois últimos anos uma quantia de dinheiro no mínimo 12 mil vezes superior. A questão que convém esclarecer é esta: para onde foram esses 12,2 mil milhões? Por força da política de austeridade aplicada, reduzindo-se a actividade económica, ficou a cobrança de impostos muito aquém do esperado; por outro lado, a quebra da actividade económica implicou mais despesa com subsídios de desemprego. A contrapartida real do desvario austeritário foi, pois, a destruição de riqueza nacional num valor próximo dos 6% do PIB. Como, apesar da colossal dimensão do sinistro, a notícia passou relativamente despercebida dos portugueses, talvez seja indicado recordar mais devagarinho o que sucedeu: a carga fiscal atingiu níveis intoleráveis; reduziu-se a oferta dos serviços públicos; degradou-se drasticamente a sua qualidade; trouxe-se o desemprego para níveis record; cortou-se drasticamente o rendimento disponível das famílias; milhares e milhares de empresas fecharam as suas portas – e, apesar da escala da austeridade aplicada, foi mínimo o impacto de toda essa loucura sobre o défice público. Por outras palavras, torrou-se dinheiro em Portugal numa escala e a uma velocidade nunca vistas ou imaginadas. Pessoas preocupadas com a má despesa pública fulminam a rotunda supérflua, o pavilhão gimnodesportivo subutilizado, a estrada onde passam poucos carros. Mas em todos esses casos, ficou apesar de tudo alguma coisa que podemos ver e, se necessário, utilizar. Ao passo que a obra de Gaspar consiste apenas e só em queimar dinheiro numa pira funerária, provocando directa e activamente a degradação das condições de vida de milhões de pessoas. Destruição a troco de nada, portanto. Por outras palavras, a delapidação de recursos eventualmente operada por anteriores governos é discutível, parcial e relativa, ao passo que a promovida por este é inquestionável, total e absoluta. 12,2 mil milhões de euros dariam para muitas aplicações simultâneas ou alternativas para todos os gostos e critérios: um novo aeroporto de Lisboa, uma mão cheia de hospitais e centros de saúde, completa renovação do parque escolar, centros de investigação, formação profissional, recapitalização da segurança social – enfim, uma infinidade de bens colectivos ao serviço do bem-estar das populações e do investimento produtivo. Todavia, já que, nos tempos que correm, a opinião dominante prefere a qualquer outra eventualidade a pura e simples destruição de recursos, seria de esperar que ao menos ela fosse conduzida com um mínimo de método e grandeza. Desde logo, porquê levá-la a cabo discretamente, longe das vistas do país e do mundo? Porque não promover antes periodicamente no Terreiro do Paço um gigantesco auto-de-fé para queima de dinheiro, transmitido em directo pela RTP para Portugal e para o Mundo, capaz de tornar universalmente famoso o nosso desprendimento dos bens materiais? Imagino esse "reality-show" presidido pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Finanças rodeados por todos os altos dignitários do regime e sob o alto patrocínio do Presidente da República. Concebo centenas de milhares de pessoas ao rubro quando um gigantesco projector lançasse sobre eles os dizeres "Portugueses, sois grandes!" Outros projectores estrategicamente colocados inscreveriam nas fachadas da velha praça questões como: "Is it rock n’ roll?", "Is it a crime against humanity?", "Is it madness?", "Is it a political statement?", "Is it an investment?", "Is it inverted capitalism?", "Is it bullshit?" Talvez os luteranos apreciassem a lição moral subjacente ao evento e nos valorizassem mais por isso. Quem sabe se, um dia, daqui a muitos anos, repetindo Bill Drummond, não ouviremos também Gaspar confidenciar-nos: "É-me cada vez mais difícil justificar perante os meus filhos o que fiz"?

domingo, 7 de abril de 2013

As hienas de Portugal

  1. Não gosto de malhar em ninguém em particular, a não ser quando extremamente necessário.
  2. Se de repente me perguntarem se gostaria de ir para a EDP, para um estranho conselho de fiscalização e ganhar 400 mil euros ano para não fazer nada, significa que ao longo da minha vida teria andado a lamber muitas botas para poder chegar a este nível.
  3. Provavelmente, deve ser isso que o ex ministro das finanças eduardo que droga (catroga), as letras minúsculas são propositadas, andou a fazer na sua vida. Realmente não az o meu feitio por isso estou completamente à vontade de malhar neste "que droga".
  4. Este homem para além de ter sido um péssimo ministro das finanças, deve ter uma enorme experiência no sector energético, em particular a lamber botas.. e sabe-se lá o que mais, a chineses e grupos afins.
  5. Conheço alguns sectores da economia portuguesa que sofrem horrores quando recebem a conta da luz, derivado da sua honesta actividade, nesta estou a pensar no sector da panificação.
  6. No sector da panificação, cujos salários médios rondam os 500 euritos por mês, distribuem uma forte percentagem das suas receitas para pagar a parasitas.
  7. A EDP é um parasita de Portugal, e nela pululam as hienas, que obviamente "que droga" não é o único. Aliás o departamento em que "que Droga" está inserido está pejado de pessoas muito experientes no sector, Celeste Cardona, por exemplo tem "imensos trabalhos" publicados no sector energético.
  8. É o típico caso português de parasitismo político/partidário.
  9. Mas regressando há hiena objecto deste profundo "paper" lógico-dedutivo, e em forma de conclusão, pergunto, qual o valor acrescentado que dito cujo leva à EDP para ter tão avantajado salário, dos 400.000 euros, qual a mais valia (marx dixit) que este desgraçado proletário gera para o respectivo burguês de olhos em bico.
  10. Se a EDP acabasse com este departamento inócuo e iníquo, trabalhasse a sua política de rendimentos, em particular das altas esferas para valores consistentes com a economia portuguesa, qual seria a vantagem para Portugal, para os portugueses e empresas nos custos da luz.
  11. Uma desde logo, justiça!! Na melhor distribuição de rendimentos dos portugueses.
  12. A EDP distribui milhões aos accionistas, mesmo quando a economia está em recessão.
  13. A EDP, a GALP os Bancos parasitam Portugal, colocam uma forte distorção na distribuição de rendimentos, comem uma forte e desproporcional fatia do PIB.
  14. A nacionalização destes colossos é uma questão em estudo, que deve ser debatida, mas não para tirar uns e colocar outros, nacionalizar para servir o país, e não castas políticas e empresariais.